Madagáscar/ Andry Rajoelina terá sido retirado do país por avião militar francês
(ANG) – O Presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina, terá sido exfiltrado do país a bordo de um avião militar francês, confirmou a RFI, após um entendimento com o Presidente francês Emmanuel Macron.
No entanto, Paris garante que não tem qualquer intervenção directa na crise política malgaxe. Desde 25 de Setembro, o país vive uma vaga de protestos inicialmente motivados por cortes de água e de electricidade, que evoluíram para contestação ao poder.
Segundo informações às quais a RFI teve acesso, o Presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina, terá sido retirado do país este domingo, 12 de Outubro, a bordo de um avião militar francês, na sequência de um acordo com o Presidente francês Emmanuel Macron. As autoridades francesas negam qualquer ingerência nos assuntos internos malgaxes e afirmam que não intervêm na crise política em curso. Até agora, não existem confirmações independentes desta alegada exfiltração.
A situação em Madagáscar deteriorou-se desde 25 de Setembro, quando as manifestações começaram em Antananarivo contra cortes prolongados de água e de electricidade. As manifestações assumiram um carácter político, com críticas à corrupção, à gestão do governo e com apelos à demissão de Andry Rajoelina. A 29 de Setembro, o Presidente dissolveu o governo de Christian Ntsay, mas a medida não reduziu a contestação.
No sábado, 11 de Outubro, uma unidade do exército com papel histórico em anteriores crises políticas, composta por elementos do CAPSAT, declarou apoio aos manifestantes e apelou à desobediência. O movimento revelou divisões internas nas Forças Armadas e levou o Presidente a afirmar que estava em curso uma tentativa de tomar o poder pela força.
Os protestos continuam a aumentar e mantêm-se concentrados na capital. A juventude, organizada através das redes sociais, é a principal força do movimento. A oposição ainda não apresentou uma alternativa, enquanto a comunidade internacional acompanha a crise com preocupação. A União Africana apelou ao diálogo e à contenção, e a União Europeia e França sublinharam a necessidade de respeito pela ordem constitucional.
A alegada saída de Andry Rajoelina levanta incertezas sobre quem detem o poder no país e sobre os próximos passos. São apontados três cenários possíveis: a formação de uma transição negociada, o aumento da influência militar no poder político ou a continuação da pressão das ruas sem uma solução imediata.ANG/RFI