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RDC/ Félix Tshisekedi anuncia que uma resposta “está em curso”
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(ANG) – O Presidente da Republica Democrática do Congo anunciou que o país vai responder de forma coordenada à ofensiva do grupo M23 e das tropas ruandesas na cidade de Goma, no leste do país.
Félix Tshisekedi, que se reuniu quarta-feira, em Luanda, com o Presidente João Lourenço, condenou a passividade da comunidade internacional.
O Presidente da República Democrática do Congo quis enviar uma mensagem de apoio e esperança às forças armadas congolesas. Num discurso transmitido em directo pela televisão – o primeiro discurso público desde o início da ofensiva – Félix Tshisekedi “uma resposta vigorosa e coordenada” está em curso no leste do país.
“O leste do nosso país, em particular as províncias de Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri, enfrentam um agravamento sem precedentes da situação de segurança”, acrescentou.
Os rebeldes do M23 e as forças ruandesas controlam agora a maior parte da cidade de Goma. A ofensiva no leste da RD Congo intensificou-se no final de Dezembro, após o fracasso da mediação angolana, que tentou em vão organizar negociações directas entre Félix Tshisekedi e Paul Kagame.
Ontem, Félix Tshisekedi, reuniu-se, em Luanda, com o Presidente João Lourenço. Num comunicado de imprensa, a presidência angolana especificou que chefe de Estado congolês se deslocou a Luanda para “uma análise conjunta dos próximos passos a seguir no quadro do Processo de Luanda, tendo em conta a situação criada pela captura de Goma pelas forças rebeldes”.
O Presidente de Angola exigou, em comunicado, a retirada das tropas do Ruanda do território da República Democratica do Congo, condenando a tomada da cidade de Goma, capital do Kivu Norte, pelos rebeldes do M23. João Lourenço denunciou “a séria violação dos acordos de Luanda” e propôs uma cimeira urgente em Luanda, ainda não é conhecida a data.
Em entrevista à RFI, Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola, considera que Angola vai continuar a redobrar os esforços para que as partes aceitem dialogar.
“Do ponto de vista das autoridades angolanas e também um pouco alguns países da região, a ideia é redobrar esforços no sentido de desbloquear os canais de diálogo. Ou seja, a ideia de que a paz, naquela região, provirá de uma mesa de negociações, envolvendo os principais actores: Ruanda e também às autoridades da RDC. Entretanto, claramente que o M23 está numa posição de força e, contrariamente ao que tinha sido inicialmente previsto, quererá ter também um lugar à mesa de negociações e quererá ter alguma palavra”, explica.
O avanço do M23 e das forças ruandesas provocou numerosos apelos da comunidade internacional para o fim dos combates. A ONU, os Estados Unidos, a China, a União Europeia e Angola pediram nomeadamente a Kigali que retirasse as suas tropas.
No entanto, o Presidente da RDC denunciou a “inacção” da comunidade internacional: “O seu silêncio e a sua inação […] constituem uma afronta” para a RDC, disse.
Félix Tshisekedi falou ainda dos ataques contra diversas embaixadas em Kinshasa, condenando os actos de vandalismo. Manifestantes indignados, com os vários países acusados de inacção, atacaram várias embaixadas na capital, Kinshasa.
“Condeno com a maior firmeza os actos de vandalismo e saques que visaram determinadas missões diplomáticas acreditadas na República Democrática do Congo”, declarou o chefe da diplomacia francesa em Kinshasa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, chegou quinta-feira a Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, para discutir a crise no leste do país, informou o governo congolês. Uma visita, poucos dias depois da ofensiva em Goma dos rebeldes M23 e das forças ruandesas que controlam quase toda esta grande cidade.
Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola, mostra-se céptico quanto ao papel da França nesta mediação.
“Não penso que a França terá um posicionamento diferente daquele que já tem vindo a ter. Não tenho grande esperança que venha a mudar aquele que tem sido o seu posicionamento. Agora resta saber qual é o peso que seu posicionamento tem sido habitual. Nada concreto. Isto é claramente uma incógnita”, acrescentou.
Amanhã, sexta-feira, 31 de Janeiro, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral reúne-se em Harare, capital do Zimbabué, para uma cimeira extraordinária sobre a situação no leste da República Democrática do Congo. ANG/RFI