
França/Direcção da RFI reage à detenção de um dos seus correspondentes no Chade

(ANG) – A direção da Rádio França internacional reagiu hoje ,em comunicado, à detenção na segunda-feira de um dos seus correspondentes naquele país que é também director do semanário chadiano “Le Pays”, Olivier Monodji, acusado juntamente com dois outros jornalistas, também eles detidos, de inteligência com o grupo paramilitar russo Wagner, atentado contra as instituições e conspiração.
Ao referir estar “em contacto com o advogado de Olivier Monodji e estar a acompanhar de perto a evolução deste dossier”, a direção da RFI considerou que “os motivos da acusação de Olivier Monodji não se enquadram no delito de imprensa e são irrelevantes para a sua produção para a RFI”.
“A RFI garante a integridade editorial das suas contribuições na antena, todas profissionais e conformes com as regras deontológicas. A direção da RFI deseja recordar o seu compromisso com o respeito dos direitos de Olivier Monodji e dos direitos da defesa”, acrescentou ainda a direção da emissora francesa.
Recorde-se que na segunda-feira, as autoridades chadianas informaram que os três jornalistas em questão, o director de publicação do semanário “Le Pays” e correspondente para o Chade da Radio France Internationale (RFI), Olivier Monodji, outro editor do mesmo semanário, Ndilyam Guekidata, e um jornalista da Télé Tchad, Mahamat Saleh Alhissein, se encontravam detidos.
Foi na sequência de uma “denúncia” sustentada por “documentos” que os três jornalistas foram detidos, informou o Procurador-Geral da República, Oumar Mahamat Kedelaye, num comunicado referindo que esses documentos mostram que “forneceram informações relacionadas com a segurança e a economia do país”, com dados que“podem prejudicar a situação militar ou diplomática do Chade, os seus interesses económicos” e podem constituir uma “conspiração contra o Estado”.
Depois de uma primeira audiência na segunda-feira, os três jornalistas foram conduzidos para o centro de detenção de Klessoum, onde aguardam uma nova comparência perante a justiça prevista nesta quinta-feira.
A direção da Télé Chade afirmou no domingo que o seu repórter Mahamat Saleh Alhissein foi acusado de ter traduzido documentos fornecidos pela Rússia sobre as operações dos seus suplentes no Mali e sobre a situação económica do Sahel.
Foi por um artigo sobre a inauguração da Casa russa de N’Djamena, no passado mês de Setembro, que um dos correspondentes da RFI no país e director do “Le Pays”, Olivier Monodji, foi detido segundo outras fontes.
Na altura dessa inauguração, três russos, um dos quais conhecido pelos seus laços com o falecido chefe do grupo Wagner, Evgueni Prigojine, foram detidos aquando da sua chegada ao Chade e ficaram sob custódia policial durante várias semanas, sem que tenha havido uma qualquer explicação por parte das autoridades chadianas ou russas.
Refira-se que três anos depois da sua chegada ao poder na sequência da morte em combate do seu pai, o Presidente Idriss Déby, o actual homem forte do país, Mahamat Idriss Déby Itno, 40 anos, foi formalmente eleito presidente em 2024, no âmbito de um escrutínio considerado “nem credível, nem livre” pela oposição.ANG/RFI