Cabo Verde/”Celebrar o centenário de Amílcar Cabral prestigia o país e a sua afirmação internacional”, diz Pedro Pires
(ANG) – O comandante Pedro Pires considerou hoje que a celebração do centenário de Amílcar Cabral devia ter uma participação inclusiva das autoridades oficiais, já que o evento prestigia o país e abre perspectivas renovadas para a sua afirmação internacional.
A constatação foi feita na manhã de hoje pelo também presidente da Fundação Amílcar Cabral durante a sua intervenção no painel “Literatura e liberdade: em homenagem ao centenário do nascimento de Amílcar Cabral”, no âmbito do XII edição do Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, que decorre de hoje a domingo, 08, na cidade da Praia.
Pedro Pires, que lamentou a “tímida participação” das autoridades oficiais na celebração do centenário de Amílcar Cabral, apontou que o evento tem granjeado “uma ampla adesão” internacional e participação de personalidades, intelectuais, instituições académicas e de associações populares dos mais diversos países e origens culturais e sociais, graças a cooperação desenvolvida com instituições nacionais e internacionais.
Para Pedro Pires, os impactos múltiplos deste evento constituem uma “importante mais-valia” que prestigia o país, valoriza as suas instituições académicas, abre perspectivas renovadas à sua afirmação internacional e contribui para o incremento da autoestima e, igualmente, para o reforço da coesão nacional.
“Além disso, esta dimensão imaterial pode constituir um valor simbólico que impulsiona a confiança e o estímulo ao esforço quotidiano, individual e colectivo que estamos chamados a prosseguir em apoio à consolidação da nossa independência e da salvaguarda da soberania do nosso Estado, dois constituintes fundamentais para que a nossa libertação continue a fazer sentido e a ter significado”, considerou.
Os resultados conseguidos dentro e fora do país, continuou a mesma fonte, não seriam possíveis sem a apropriação patriótica e comprometida do centenário e da memória da Amílcar Cabral pela sociedade civil cabo-verdiana, e sem a participação “empenhada e entusiástica” da maioria das instituições académicas, culturais, profissionais, escolares e juvenis.
“Com efeito, a nossa sociedade civil tem operado como seu sustentáculo de maior valia, particularmente em cooperação com a timidez dos sinais da participação das autoridades oficiais, nesse aspecto, é de justiça relevar a acção em lugar da participação nacional na construção do sucesso da celebração do centenário”, apontou.
Segundo o presidente da Fundação Amílcar Cabral, os trabalhos realizados por historiadores, investigadores e politólogos revelam que a memória de Cabral tem feito um “percurso consistente” da ultrapassagem dessa “ameaça ideológica etnocêntrica, neocolonial e anti-histórica”.
Considerou ainda que a figura de Amílcar Cabral tem vindo a distinguir-se e a confirmar-se universalmente como pensador, teórico, estratega e símbolo das lutas de libertação política, social e cultural das sociedades e povos ainda oprimidos e neocolonizados, reafirmando igualmente o seu lugar cimeiro no processo libertador e reformador africano e universal.
Para Pedro Pires, Amílcar Cabral personificava uma liderança “pedagógica, transformadora e motivadora”, que colocava a responsabilidade do colonizado no foco do longo e complexo processo libertador, ao se transformar em sujeito activo da sua própria libertação política, social e cultural.
“Estamos confiantes de que a ampla e abrangente celebração em curso das comemorações do Centenário proporcionará mais oportunidades, argumentos e fundamentos históricos para a confirmação e a consolidação do lugar histórico de Amélia Cabral e do seu pensamento fecundo e inovador em todo o processo de libertação das antigas colónias africanas portuguesas em particular dos povos africanos no geral”, sintetizou.
Promovida pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e pela Câmara Municipal da Praia (CMP) e com o apoio da Empresa de Mobilidade e Estacionamento da Praia (EMEP), a edição deste ano presta uma dupla homenagem ao centenário do nascimento de Amílcar Cabral e ao quinto centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões. ANG/Inforpress