Diplomacia/Três países africanos decidem romper parcial ou definitivamente relações militares com a França
(ANG( – Os chefes de Estados africanos, do Tchad, Costa do Marfim e do Senegal durante as mensagens de fim de ano às respectivas nações decidiram pôr, parcial ou definitivamente, um termo à colaboração militar com a França.
O ano de 2025 começou sob a tonalidade do fim de certas colaborações militares entre países africanos e a França.
No Chade, o Presidente Mahamat Idriss Déby falou à nação na televisãoestatal. Uma alocução após o país ter saído de três anos e meio de transição após a morte do pai, o então Presidente Idriss Déby.
O Chade tem uma nova Constituição e vai ter, em breve, uma nova Assembleia Nacional quando os resultados das eleições do passado domingo forem anunciados.
Foi o momento escolhido parao actual Presidente eleito Mahamat Idriss Déby abordar o futuro que passa pelo fim da colaboração militar com a França:
«No domínio da diplomacia, colocamos em primeiro lugar os interesses do Chade, mantendo-nos apegados à soberania do nosso país. Foi nesta perspectiva que decidi, após uma análise atenta da situação, romper definitivamente os acordos militares com a França. Esta decisão soberana vai trazer grandes desafios que teremos de enfrentar. Sei que seremos combatidos. Tenho plena consciência das consequências securitárias, económicas, diplomáticas e mediáticas que podem resultar desta decisão histórica», frisou o Presidente do Chade.
Recorde-se que após a transição, Mahamat Idriss Déby acabou por ser eleito Presidente do país a 23 de Maio de 2024.
Na Costa do Marfim, o Presidente Alassane Ouattara anunciou, no seu discurso à nação,que a base militar francesa de Abidjan ia ser devolvida aos marfinenses.
Num plano mais geral, oPresidente da Costa do Marfim admitiu que vai haver uma saída das forças francesas do território marfinense.
A base militar de Port-Bouët será agora renomeada de base Général Ouattara Thomas d’Aquin, o nome do primeiro Chefe do Estado-Maior das forças marfinenses.
De referir que, no entanto, a Costa do Marfim não vai romper as ligações que tem com a França, contrariamente aos três países do Sahel, Mali, Burkina Faso e Níger.
Cerca de 1 000 soldados chegaram a estar presentes na base militar de Abidjan, na capital da Costa do Marfim, para ajudar na luta contra o jihadismo na Região do Sahel.
No Senegal, o Presidente Bassirou Diomaye Faye afirmou que em 2025 será o “fim de todas as presenças militares estrangeiras” no território senegalês.
A 28 de Novembro, o Presidente do Senegal tinha anunciado que todas as bases militares francesas tinham de fechar em território nacional.
Desta vez, a 31 de Dezembro de 2024, Bassirou Diomaye Faye assegurou que essa transição será efectuada já em 2025.
O Presidente senegalês admitiu, no entanto, que “todos os amigos do Senegal serão tratados como parceiros estratégicos, enquadrados numa cooperação aberta, diversificada e descomplexada”, acrescentou o chefe de Estado.
Recorde-se que Bassirou Diomaye Faye foi eleito em Abril de 2024 com a promessa de dar novamente ao Senegal a sua soberania e acabar com a dependência aos países estrangeiros .ANG/RFI