
Médio Oriente/Ajuda humanitária chega a Gaza, ONU alerta ser ‘uma gota no oceano’

(ANG) – O exército israelita lançou esta semana uma ofensiva de grande escala contra os campos de refugiados de Jénine, Tulkarem e Nour Chams, no norte da Cisjordânia ocupada, sob o pretexto de desmantelar infraestruturas de grupos armados palestinianos.
Segundo o primeiro-ministro israelita, Benyamin Netanyahu, os campos foram “esmagados” pelas forças de defesa de Israel. A operação surge no seguimento da campanha militar Chariots de Gédéon, lançada no sábado, 17 de Maio, cujo objectivo é colocar toda a Faixa de Gaza sob controlo israelita.
Os ataques em território da Cisjordânia provocaram evacuações forçadas e tensão acrescida, numa região sob ocupação militar desde 1967.
Durante uma visita diplomática a Jénine, organizada pela Autoridade Palestiniana, uma delegação de cerca de vinte diplomatas estrangeiros foi alvo de disparos de advertência por soldados israelitas. As forças armadas de Israel confirmaram a acção, alegando que a comitiva “se desviou do trajecto autorizado e entrou numa zona proibida”.
A reacção da comunidade internacional foi imediata. A União Europeia, através da chefe da diplomacia, Kaja Kallas, exigiu uma investigação completa e responsabilização dos envolvidos. Vários países europeus, incluindo França, Espanha e Portugal, convocaram representantes diplomáticos israelitas para obter esclarecimentos. As Nações Unidas reiteraram que ataques a diplomatas são “inaceitáveis” e apelaram a uma “investigação minuciosa”.
Três dias depois do anúncio de Israel sobre a reabertura parcial das fronteiras à ajuda humanitária, as Nações Unidas confirmaram que entraram, esta quarta-feira, 21 de Maio, cerca de 90 camiões de provisões na Faixa de Gaza, que inclui farinha, leite para bebés e equipamento médico.
O governo local de Gaza, sob controlo do grupo islamita Hamas, confirmou a chegada de 87 camiões. A ONU alerta que este volume representa apenas uma fracção das necessidades diárias da população. Antes do início do cerco total, imposto por Israel em Março, entravam em Gaza cerca de 500 camiões por dia.
Segundo o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, a ajuda tem enfrentado obstáculos logísticos significativos e representa “uma gota de água num oceano”.
Durante a conferência de imprensa de quarta-feira, Benyamin Netanyahu não comentou os disparos contra a delegação diplomática nem a resposta internacional. Reafirmou, no entanto, o objectivo de concluir a operação militar em Gaza com o controlo total da região pelas forças israelitas. O primeiro-ministro israelita declarou estar disponível para considerar um cessar-fogo temporário com vista à libertação de reféns.
Ainda ontem, dois funcionários da embaixada de Israel foram mortos a tiro nos arredores do Museu Judaico em Washington. O atacante, que gritou “free, free Palestine” no momento da detenção. O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita responsabilizou os países europeus pela alegada “incitação ao ódio”, referindo-se às críticas recentes à política militar de Israel em Gaza.ANG/RFI