Moçambique/ Jornalistas denunciam intimidação e difícil acesso às fontes
(ANG) – Moçambique assinalou, quarta-feira, o Dia do jornalista, com os profissionais da classe a denunciar os actos de intimidação, o difícil acesso às fontes de informação e os entraves ao exercício do jornalismo no país.
A efeméride foi assinalada com o desaparecimento, há quatro anos o desaparecimento, do jornalista Ibraimo Mbaruco, em Palma, Cabo Delgado, e o assassínio, ano passado, doeditor do jornal Ponto por Ponto, Joao Chamusse.
O jornalista Serôdio Towo recorda que estes exemplos trágicos são reveladores daa inércia das autoridades que tardam em encontrar os culpados e das condições em que trabalha a classe jornalística que arrisca, muitas vezes, a própria vida no terreno.
“São exemplos da continuidade de atrocidades contra a classe jornalística, sobretudo quando casos deste gênero não tem nenhum desfecho. É verdade que a vida destes nossos irmãos nossos colegas nunca mais volta, mas se pudéssemos saber o que aconteceu de verdade. Saber quem são os autores já seria um alivio. Como aconteceu para com o caso de Carlos Cardoso há mais de 10 décadas”, recordou.
São ainda muitos os desafios para a classe jornalística em Moçambique. Cândido Mondlane, da direção do Sindicato Nacional de jornalistas, defende que os jornalistas devem ser capacitados e conscientizados dos perigos que correm ao exercer esta profissão
“É cada vez mais urgente profissionalizar o próprio jornalismo e isso vai permitir com que não existam indivíduos imaturos que, por ironia do destino, vão cair nesta profissão”, defendeu.
Em 2023, Moçambique subiu 14 pontos no Índice da liberdade de imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras, ainda assim a ONG concluiu que um número significativo de meios de comunicação é “controlado directa ou indirectamente pelas autoridades ou membros do partido no poder, a Frelimo, o que prejudica consideravelmente a sua independência”.
A ética e a deontologia profissional estiveram em reflexão em Maputo, neste dia do jornalismo moçambicano, onde o acesso às fontes de informação foi também apontado como um sério entrave ao exercício da profissão, num país onde a carteira profissional ainda não existe. ANG/RFI