
Polónia/ Segunda volta opõe pró-europeu a nacionalista

(ANG) – Os polacos voltam às urnas no próximo dia 1 de Junho para escolher o próximo Presidente da República, numa eleição que pode redefinir o rumo político do país num momento particularmente tenso para a Europa.
O liberal Rafal Trzaskowski, presidente da câmara de Varsóvia e figura destacada da coligação governamental liderada por Donald Tusk, liderou a primeira volta com uma ligeira vantagem sobre o seu adversário nacionalista, Karol Nawrocki.
Com cerca de 31,2% dos votos, Rafal Trzaskowski superou com uma margem reduzida Karol Nawrocki, apoiado pelo partido populista de direita Lei e Justiça (PiS), que recolheu 29,7% dos votos. A taxa de participação cifrou-se em 66,8%, revelando um interesse dos eleitores num escrutínio considerado crucial para o futuro político da Polónia.
A corrida eleitoral decorre num contexto marcado pela guerra na Ucrânia, pela ascensão de forças de extrema-direita na Europa e pelas tensões nas relações transatlânticas. Ambos os candidatos representam visões opostas: Trzaskowski defende a integração europeia, os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ+, enquanto Nawrocki, admirador assumido de Donald Trump, promete um regresso aos valores conservadores, assente na soberania nacional e na contenção migratória.
A chave para a segunda volta pode estar nos votos dos candidatos derrotados, em particular Slawomir Mentzen, da extrema-direita eurocética, que arrecadou cerca de 15% dos votos. As suas posições anti-imigração e anti-aborto podem favorecer o campo conservador. Também Grzegorz Braun, figura da ultradireita antissemita, e Adrian Zandberg, da esquerda, assumem papéis indirectos no desfecho da eleição, ao influenciarem a escolha dos eleitores para a segunda volta.
O cargo de Presidente da República na Polónia tem funções sobretudo moderadoras, o direito de veto presidencial pode condicionar ou bloquear legislações-chave. Desde 2023, quando a coligação pró-europeia chegou ao poder, várias medidas governamentais foram travadas pelo actual presidente conservador cessante, Andrzej Duda.
Por um lado, uma vitória de Rafal Trzaskowski pode permitir avanços na normalização das relações com a União Europeia e no reforço do Estado de Direito. Por outro lado, uma vitória de Nawrocki pode significar um retorno da linha política populista. ANG/RFI