Turquia/Governo pediu oficialmente para aderir ao grupo dos BRICS
(ANG) – A Turquia apresentou oficialmente a sua candidatura à adesão ao grupo dos BRICS, a aliança económica inicialmente formada pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A organização que defende uma refundação das instituições internacionais, abrange actualmente um total de dez países-membros.
A notícia do pedido de adesão da Turquia aos BRICS, divulgada segunda-feira pela agência Bloomberg, citando fontes próximas do dossier, foi confirmada nesta terça-feira por um porta-voz do partido no poder na Turquia.
A concretizar-se esta adesão, a Turquia poderia tornar-se o primeiro país-membro da NATO a entrar neste clube apresentado frequentemente como uma alternativa ao G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), o que não deixa de suscitar fortes reservas por parte dos parceiros ocidentais de Ancara.
Em várias ocasiões no passado, o Presidente turco que pretende redesenhar o papel do seu país na cena internacional, chegou a expressar o desejo de fazer entrar o seu país aos BRICS, mas nenhuma discussão formal tinha ocorrido até aos últimos meses.
A participação da Turquia na Cimeira dos BRICS em Joanesburgo, na África do Sul, em 2018, marcou um primeiro sinal desse interesse, sendo que o processo veio acelerar-se nestes últimos meses.
No passado dia 3 de Junho, nomeadamente, o chefe da diplomacia turca reiterou o interesse do seu país em entrar nos BRICS, em declarações imediatamente saudadas pela Rússia, um dos membros fundadores do grupo.
O país, que atravessa uma grave crise financeira e enfrenta uma inflação de cerca de 52%, sente a necessidade de ser menos dependente da União Europeia e dos Estados Unidos.
Apesar de a União Europeia ser um dos principais parceiros comerciais da Turquia, a sua adesão ao bloco está bloqueada há largos anos. Por outro lado, o mal-estar está cada vez mais patente entre Ancara e Washington. Os Estados Unidos vêem com maus olhos as relações entre a Turquia e Moscovo, em contexto de conflito na Ucrânia, sendo que Ancara condena o apoio americano e europeu a Israel, à luz da guerra em Gaza.
Muito embora não esteja submetido aos condicionalismos colocados, por exemplo, pela União Europeia ou outras entidades internacionais, o processo de adesão aos BRICS não deixa de ser complexo.
A candidatura turca deveria ser discutida na próxima cimeira do grupo em Kazan, na Rússia, de 22 a 24 de Outubro.
A Malásia, a Tailândia e o Azerbaijão, aliado da Turquia, figuram entre os países que também pediram para aderir aos BRICS este ano. Antes desses países, numerosos outros, como a Argélia, o Bahrein, o Bangladesh, a Bolívia, Cuba, a Indonésia, a Sérvia, ou ainda a Nigéria oficializaram a sua candidatura.
Actualmente, os BRICS abrangem dez países, o Brasil, Rússia, Índia, China, a África do Sul, bem como o Egipto, os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, a Etiópia e o Irão que aderiram este ano.
Estima-se que o bloco, fundado oficialmente em 2009, representa neste momento quase metade da população mundial, um pouco mais de 43% da produção global de petróleo e quase 25% do total das exportações de bens.ANG/RFI