Arábia Saudita/Conferência da ONU sobre a desertificação termina esta sexta-feira
(ANG) – Na Arábia Saudita, termina esta sexta-feira, 13 de Dezembro, a 16ª Conferência da ONU sobre a desertificação (COP16). Mais de 75% das terras do mundo ficaram mais secas nas últimas três décadas, de acordo com a ONU.
Quanto à aridez, ou seja, a escassez crónica de água que dificulta a agricultura, estende-se atualmente a mais de 40% da superfície terrestre. Nesta COP foram feitas promessas de financiamento e restam dúvidas sobre se as conversações devem resultar num acordo vinculativo sobre a forma de responder à seca.
A 16ª reunião da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, a COP16, foi marcada pelos alertas sobre o avanço dos desertos e da aridez em todo o mundo e sobre a incapacidade de muitos países para inverterem a tendência devido à falta de recursos.
Na abertura, a 2 de Dezembro, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, falou em “momento decisivo no combate contra a seca e contra o avanço dos desertos”. Antes de arrancarem os trabalhos, a organização anunciava que 1,5 mil milhões de hectares de terra precisam de ser restaurados até ao final da década e que são necessários pelo menos 2,6 mil milhões de dólares de investimento global. Seguiram-se as promessas para responder à seca e para restaurar as terras afectadas pela aridez.
Só na primeira semana, falou-se em mais de 12 mil milhões de dólares de organismos como o Grupo de Coordenação Árabe, um grupo de instituições nacionais e regionais, e a Parceria Global de Riade para a Resiliência à Seca. A Itália prometeu 11 milhões de euros e a Áustria 3,6 milhões de euros para apoiar a implementação da Grande Muralha Verde, um megaprojecto de plantação de vegetação do Senegal ao Djibouti.
Um dos principais pontos de discórdia é se as conversações devem resultar num acordo vinculativo sobre a forma de responder à seca.
Mais de 75% das terras do mundo ficaram mais secas nas últimas três décadas, de acordo com a ONU, que alerta que esta crise poderá afectar até cinco mil milhões de pessoas até 2100. Além disso, a aridez – que é uma escassez crónica de água que dificulta a agricultura – estende-se actualmente a mais de 40% da superfície terrestre e as zonas mais afectadas incluem a zona mediterrânica, o sul de África, o sul da Austrália e certas regiões da Ásia e da América Latina. Ora, ao contrário das secas, que são temporárias, a aridez representa uma transformação permanente, com degradação dos solos, colapso dos ecossistemas, insegurança alimentar e migração forçada. Em causa, o aquecimento global causado pelas emissões de gases com efeito de estufa, que alteram a precipitação e aumentam a evaporação.
Ainda de acordo com a ONU, mais de 2,3 mil milhões de pessoas vivem em zonas áridas, um número que poderá ultrapassar os cinco mil milhões até ao final do século se as emissões de gases com efeito de estufa não forem drasticamente reduzidas. ANG/RFI