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Historia de Bissau, capital da Guiné-Bissau

Historia de Bissau, capital da Guiné-Bissau

Bissau, oficialmente denominada Sector Autónomo de Bissau, é um sector autónomo e a capital e maior cidade da Guiné-Bissau, localizada no estuário do rio Geba, na costa atlântica.

Surgida como um aldeamento de povos caçadores e agricultores, sua colonização começou a dar-se a partir do século XVII, quando cumpriu importante papel histórico na região, como centro de comércio e porto fortificado. Embora a Guiné Portuguesa fosse administrativamente dependente de Cabo Verde, a localidade exerceu o papel de sua capital. No século XX torna-se a capital da colónia, até a independência da Guiné-Bissau, quando coube-lhe ser a região mais desenvolvida e segura da nação, enquanto o país ainda mergulhava em conflitos e crises.

Centro econômico da nação, Bissau concentra uma gama diversa de serviços financeiros, turísticos, educacionais e de saúde, factor possível graças à sua centralidade e à sua infraestrutura, que conta um grande porto (o maior guineense), além das ligações aeroportuárias e rodoviárias, constituído-se também como o centro político-administrativo e militar do país.

É em Bissau também que encontra-se a miscelânea étnica da nação, sendo considerada uma cidade cosmopolita,[6] onde há interação cultural entre as diversas matizes da Guiné-Bissau.[6]

Etimologia

O termo Bissau viria do nome Itchassu (depois N’nssassu e Bôssassum), que significa “bravo como a onça”, possivelmente numa referência ao perfil guerreiro dos habitantes da ilha de Bissau, mimetizando o leopardo-africano,[7] um grande felino predador, conhecido no país como “onça-africana”.[8] Com o passar do tempo Bôssassum passou a ser escrito como Bissão (ou “São José de Bissão”), Bissao e por fim “Bissau”.[7]

Bôssassu (ou Itchassu) foi o nome dado ao sobrinho do rei Mecau — primeiro soberano da ilha de Bissau —, filho da sua irmã Pungenhum. Bôssassu formou o clã principal dos povos papéis e do Reino de Bissau, o principal dos Estados pré-coloniais da ilha de Bissau. Os bôssassum eram os reis e fidalgos (djagras) do Reino de Bissau.[9]

História

A região de Bissau esteve sob constante contacto com humanos desde tempos imemoriais, porém sem registro de povoação até antes do século XIII, quando um grupo de indivíduos caçadores-coletores, com conhecimento também em práticas agrícolas, habitantes da margem oposta do rio Geba, decidiu ali fixar-se.[7]

A partir de então as populações organizaram-se em reinos e régulos até a vinda do elemento colonizador,[7] que fortificou e ordenou o povoamento da cidade até meados do século XX, quando coube-lhe ser a capital nacional da Guiné-Bissau independente.[10]

Povoamento

A ocupação e povoação da região começou entre os séculos XIII e XIV por inciativa de um homem chamado Mecau (ou M’nkau), príncipe do reino Quinara. Em busca de locais de caça, o príncipe Mecau descobriu a ilha de Bissau, território que o agradou muito por parecer uma área fértil e propícia à caça. Mecau voltou ao seu reino, despediu-se de seu pai, e partiu com suas seis esposas para a ilha. Posteriormente Mecau foi convidando outros sujeitos de Quinara para a ilha, inclusive trazendo sua irmã grávida, formando tanto o grupo étnico papel, como o Reino de Bissau.[7][9]

Da irmã de Mecau, a princesa Pungenhum, nasceu Itchassu, descendente que formou o clã dos bôssassum (ou bissassu-nanque-ié), que eram os reis, fidalgos e nobres entre os povos papéis. Outras três esposas de Mecau deram-lhe descendentes que viriam formar a estrutura populacional dos primeiros séculos do actual Sector Autónomo, a saber: a esposa Intsoma foi mãe do clã dos bijocomos (ou bidjokumó), que formaram o aldeamento do Alto Crim (actualmente bairro de Bissau); a esposa Kliker foi mãe do clã dos boígas (ou iga), que formaram o aldeamento de Calequir (actualmente bairro de Bissau), e; a esposa Intende foi mãe do clã dos bôssuẑus (ou bitsutu), que formaram o aldeamento de Mindara (actualmente bairro de Bissau). O clã dos bôssós (ou bitsó), filhos da esposa Malá, chegaram a fundar o aldeamento e actual bairro de Bandim, mas depois rumaram para as terras da região de Biombo.[7][9]

Reino de Bissau

Mecau foi o primeiro soberano do reino de Bissau, passando sua autoridade real a Itchassu (ou Bôssassu), o seu sobrinho. Nos primeiros anos o reino pareceu ter forte contacto político, econômico e religioso com os beafadas, a etnia do reino Quinara. Havia também contactos da mesma natureza com os manjacos e brames-mancanhas, povos que inclusive têm afinidade linguística com os papéis.[7]

A princípio todos os aldeamentos estavam sob a autoridade do reino de Bissau, contudo as diversas lutas pela sucessão do trono fizeram com que surgissem vários pequenos reinos na ilha de Bissau, todos estados vassalos do reino de Bissau, sendo: Reino de Antula, Reino de Prábis, Reino de Safim, Reino de Bigimita, Reino de Tôr e Reino de Biombo.[7]

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