Israel/Benjamin Netanyahu admite ter aprovado ataques com “pagers” no Líbano
(ANG) – Israel reconheceu, pela primeira vez, a autoria dos ataques com “pagers” e “walkie-talkies” contra o Hezbollah, no Líbano, a 17 e 18 de Setembro. As explosões fizeram, na altura, 39 mortos e mais de 3400 feridos.
As declarações foram feitas pelo porta-voz do gabinete de Benjamin Netanyahu, Omer Dostri, que precisou que foi durante uma reunião semanal do Conselho de Ministros que Netanyahu indicou ter autorizado a operação, que até então não havia sido reivindicada. A imprensa israelita acrescenta que altos responsáveis da Defesa e personalidades políticas se opuseram, mas que ele avançou na mesma, numa declaração vista como uma crítica velada ao ministro da Defesa demitido. Benjamin Netanyahu também recordou a sua responsabilidade na morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, a 27 de Setembro.
Na altura, um responsável do Hezbollah, sob anonimato, declarou que os ataques com “pagers” era “a mais grave falha de segurança” para o grupo em cerca de um ano de conflito com Israel. Apesar de o Hezbollah se ter envolvido logo depois do início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas palestiniano, a guerra aberta com Israel só começou a 23 de Setembro, quando Israel lançou uma série de ataques aéreos, principalmente contra os bastiões do movimento libanês. A 30 de Setembro, o exército israelita lançou uma ofensiva terrestre no Líbano. Desde essa altura, 2.700 pessoas morreram no Líbano, na sua maioria civis.
Esta segunda-feira, procuradores de Taiwan informaram que Taiwan não esteve implicado nos ataques, depois de fontes de segurança terem indicado que os “pagers” tinham o nome da empresa de Taiwan Gold Apollo. Os procuradores informaram que os “pagers” foram fabricados fora de Taiwan por uma empresa chamada Frontier Group Entity, mas que a Gold Apollo autorizou essa empresa a usar a sua marca.
Entretanto, esta segunda-feira, em conferência de imprensa, o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, deu conta de “certos progressos” com vista a um cessar-fogo no Líbano e disse estar a trabalhar sobre o assunto com os Estados Unidos. Do lado do Hazbollah, um responsável interrogado pela France Presse indicou que tem havido “contactos entre Washington, Moscovo, Teerão e outras capitais” desde a eleição de Donald Trump à presidência norte-americana, mas que não estava a par de algo oficial que tenha chegado ao Hezbollah ou ao Estado libanês. ANG/RFI