Nova Iorque/RDC pede retirada acelerada das forças da paz
(ANG) – O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, apelou na ONU para uma retirada acelerada das forças de manutenção da paz no país, a partir do final de 2023, lamentando a ineficácia perante os grupos armados.
“Chegou o momento de o nosso país tomar o seu destino nas suas próprias mãos e tornar-se no principal ator da própria estabilidade”, afirmou Félix Tshisekedi, quarta-feira, na Assembleia Geral da ONU.
Para o efeito, disse, a retirada gradual da missão de manutenção da paz da ONU (Monusco) e de mais de 15 mil capacetes azuis “é um passo necessário para consolidar os progressos já alcançados”.
O governante lamentou que as missões da ONU, presentes há quase 25 anos na RDC, “não tenham conseguido fazer face às rebeliões e aos conflitos armados que dilaceram o país e a região dos Grandes Lagos, nem proteger as populações civis”.
Desde 2020, o Conselho de Segurança da ONU iniciou uma retirada cautelosa, aprovando um plano de saída gradual que estabelece parâmetros gerais para a transferência das responsabilidades das forças de manutenção da paz para as forças congolesas, com a previsão de arrancar, em 2024.
No entanto, o Presidente congolês insistiu que “este plano de retirada faseada, responsável e sustentável” da Monusco “é anacrónico”, afirmando ser “ilusório e contraproducente continuar a agarrar-se à manutenção da Monusco para restaurar a paz” na RDC.
O Presidente pediu ao seu Governo para encetar conversações com a ONU sobre “a retirada acelerada da Monusco da RDC, antecipando o início desta retirada gradual para Dezembro de 2023, mês das próximas eleições.
Um pedido nesse sentido foi enviado ao Conselho de Segurança, no início deste mês, e as discussões estão em curso.
Em Junho passado, numa reunião do Conselho de Segurança, os Estados Unidos advertiram contra uma retirada “precipitada” da missão, argumentando que o país não está preparado para tal até ao final deste ano.
Estas discussões sobre a retirada da Monusco surgem numa altura em que a ONU tem enfrentado uma série de ataques e manifestações contra a presença das suas forças de manutenção da paz no país.
No final de Agosto último, a repressão de uma manifestação contra a ONU causou a morte de cerca de 50 pessoas, em Goma, no leste do país.
Félix Tshisekedi insistiu que “acelerar a retirada da Monusco está a tornar-se num imperativo para aliviar as tensões” entre a missão da ONU e a população. ANG/Angop