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          Como Casaco despolui ambiente

                   Como Casaco despolui ambiente

ANG) – Convencido pelo slogan “Lixo Tene Balur”,(Lixo tem valor) e com uma carrinha, Domingos Casaco Silva, de 48 anos de idade, sai à recolha de garrafas em bares e locais onde houve festas. Chega a fazer 600 blocos diários a base de vidros, areia e cimento.

O técnico de Construção Civil inventou duas máquinas com as quais tortura  garrafas de vidros. Mais Casacos, mais garrafas de vidro seriam retiradas da rota de poluição do meio ambiente na Guiné-Bissau.

Estranho, é que, nem a Câmara Municipal de Bissau nem o Ministério do Ambiente e Biodiversidade (MAB) se mostraram interessados em apoiar esta  iniciativa que despolui o meio  ambiente .

“Mandei uma carta à Câmara pedindo que me seja autorizado  a recolher garrafas de vidro no Vazadouro de Safim, não recebi nenhuma resposta, e pedi apoio ao MAB não tive resposta nenhuma”, diz Domingos Casaco.

O Técnico de Construção Civil formado em CIFAP, em Bissau, não dá sinal de quem seja atingida  por essas insatisfações.

Falando para jornalistas que participavam numa formação sobre “Jornalismo de Soluções”, diz, “Esta casa foi construída com blocos aqui produzidos”. O homem apontava uma casa construída ao lado  de sua oficina, no bairro de Bôr, arredores de Bissau. Banco Mundial (BM) 

“Lixo tene Balur”, em português, Lixo tem valor é o nome da empresa. Há  10 anos que recolhe garrafas de vidro em bares e sítios por onde houve festas.

O autor da insólita iniciativa com impacto no saneamento da cidade de Bissau e na despoluição do meio ambiente, não espera   pela ajuda de terceiros para se lançar em novas aventuras de despoluição. Já fala em aproveitar objetos de plásticos que inundam Bissau. Sacos e garrafas de plástico,  tigelas e mais outros, “para fazer mosaicos, lancil, pavi e mais outros materiais de construção civil.

Na oficia aguardam dias de torturas  vidros de janelas e portas, e Domingos Silva diz que vai ser necessário a invenção de uma nova máquina, porque “esses vidros são mais duros”.

Zona húmida de Granja de Pessibé

. “Esses vidros são, geralmente, reforçados, são mais rijos que os de garrafas”.

Casaco produz blocos de 15 e de 20  e diz que os vende praticamente ao mesmo preço que os blocos tradicionais. Quer levar a iniciativa ao interior do país. “Já visitei Bafatá e Gabu. Falei com jovens e preparei terrenos para ali se instalar”.  Vidros torturados substituem  cascalhos e tornam os blocos mais rijos. “Mais valiosos para construções em zonas húmidas”, diz Domingos.

Garrafas poluem bolanhas, lagoas, rios e mares. Amontoam-se em frente as habitações e nas ruas, arrastados pelas águas das chuvas, mais Casacos dariam , certamente, uma grande contribuição ao combate à poluição do meio ambiente.

Não há registo de iniciativas semelhantes, ou seja, que utilizam vidros de garrafas para construção de blocos. Vários projetos de reciclagem de lixo fizeram-se conhecer  mas já deixaram de ser empregador, e por conseguinte, já não contribuem para a diminuição do potencial poluidor do país.

Para além da poluição do meio ambiente com sacos e garrafas de plásticos, garrafas de vidro e vários outros objetos recicláveis, entrou na preocupação de ambientalistas, a pressão de construções nas zonas húmidas.

Quem visitar zonas húmidas  de bairros de São Paulo  e Antula, certamente descobre que essas zonas, indispensáveis, não só para a agricultura mas também pela importância que representam na alimentação de lençóis freáticos, são cada vez mais comprimidas. 

Armazéns e habitações proliferam, e as construções pouco importam, inclusive, com espaços reservados a passagem da água das chuvas. Consequências: cai murro levanta-se novo murro, cai chuva entra água em armazéns, novos investimentos são feitos.

Muitas construções não resistiram a precariedade do terreno para essas atividades e os donos registaram prejuízos que só eles sabem quantificar.

Zonas de prática de agricultura, mantidas durante longos anos como áreas húmidas de Bissau deixaram de ter valor ecológico.

No bairro de Chão de Papel/Varela, atrás da antiga central elétrica e o local onde se ergueu a sede da ONU, e agora a Lagoa de M`batonha, são apenas alguns exemplos. O gasóleo queimado que saía das máquinas da Central Elétrica de Bissau começaram e a lixeira fez o resto.  Tudo ficou poluído, e impróprio para agricultura e pescas, uma situação que arrepia ambientalistas. Sem solução a vista, fica este manifesto de consternação de Gualdino Afonso Té, perito em questões ambientais.

“Acho que existe um plano Urbanístico. As pessoas devem ter em conta de que há zonas onde não se deve construir, tendo em conta a função ecológica dessas zonas. Construir nessas zonas significa que estamos não só a agredir  o meio ambiente mas também a por em causa a vidas pessoas em risco”, diz

A resistir contra essa destruição de zonas húmidas de Bissau, a promover a segurança alimentar e ao mesmo tempo a preservar o ambiente, estão as mulheres hortícolas da Granja de Pessubé 2. Os seus trabalhos protegem uma das poucas zonas húmidas que  Bissau ainda dispõem, mas não se denota entre essas mães  a consciência de que não estão apenas a fazer a exploração de hortaliças. 

Falam do que fazem mais como forma de sobrevivência mas  os defensores do meio ambiente já dizem que a Granja de Pessubé  representa uma inovação de produção de hortaliças, combinada com práticas agrícolas sustentáveis e conservação da biodiversidade.

“Tudo o que produzimos aqui é para o sustento das nossas famílias, pagamento dos estudos dos nossos filhos e para nossa alimentação”, diz Avelina Delgado, de 54 anos de idade, 40 dos quais a plantar e regar.

São mais de 300 mulheres horticultoras que labutam diariamente na proteção do “Bem” que outros destroem. ANG//SG

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